Do amazônico Pará, Benedito Nascimento, Joe Bennett, cria heróis e cenas fantásticas, aquelas que incendeiam o imaginário da cultura pop norte-americana.
Joe Bennett para os leitores das revistas em quadrinhos americanas e Bené para amigos brasileiros, Benedito Nascimento fez seu primeiro contato com o mundo dos quadrinhos aos cinco anos, incentivado pelo pai que um dia lhe comprou vários gibis e ele, na sua intuição de criança, começou a copiar os desenhos.
O pai nem conhecia os heróis daqueles gibis, gostava de Príncipe Valente, Mandrake, Fantasma... nada de Homem-Aranha, Thor, Hulk..., mas foi o suficiente para fisgar o hoje famoso Joe Bennett, desenhista de revistas em quadrinhos que os americanos admiram. “Comecei a copiar aqueles desenhos, tomei gosto e nunca mais parei.”
Influenciado pelos quadrinhos da Marvel e mestres como Alex Reymond (Flash Gordon) e Harold Foster (Príncipe Valente), Joe Bennett estreou profissionalmente em 1985, aos 17 anos. O jornalista, desenhista e editor Franco de Rosa lhe deu a primeira chance. A partir daí trabalhou desenhando terror e erotismo para várias editoras brasileiras, ilustrando para agências de arquitetura até surgir a chance de trabalhar para as editoras americanas.
Em 1992, o autodidata Joe Bennett, que aprendeu tudo “na raça” como costuma dizer, alçou vôo internacional. Começou trabalhando para editoras menores no mercado americano e, a partir de 1994 passou a trabalhar para a Marvel Comics, dos EUA, desenhando Spiderman, Thor, Hulk, X-men... “Fiz de tudo por lá, de 1994 a 2004.” Seu elogiado trabalho na Marvel chamou a a tenção da Dc Comics, a editora do Super-Homem e muitos outros heróis, que em 2004 o levou para ilustrar títulos como Birds of Prey, Hawkman (Gavião Negro) e o consagrado 52, uma revista mensal importantíssima para a cronologia da DC que redefiniu os personagens da editora. Atualmente Joe Bennett desenha Terror Titans para a Dc comics. No Brasil, participa da cooperativa de ilustradores, Znort, de Curitiba (PR), criando ilustrações para vários tipos de aplicação.
Também já fez experiências misturando a arte da ilustração com as artes plásticas do artista paulistano, Fabrizio Andriani, que hoje vive Curitiba onde continua trabalhando com artista plástico e participa da equipe de ilustradores da Znort. Em 2007 Fabrizio organizou uma exposição de Joe Bennett na Fundação Cultural de Curitiba.
Lápis e papel – Quem imagina que, por desenhar para editoras americanas, Joe Bennett trabalha com ferramentas high tech: computador, softwares poderosos e prancheta eletrônica, engana-se. Para ele nada substitui a lapiseira e o papel. Computador só para abrir e-mails ou escanear as páginas desenhadas a lápis, para enviar aos editores para aprovação. “Na fase de criação ou execução eu não uso computador para nada. Faço tudo de modo tradicional. Nunca precisei de outra ferramenta a não ser o lápis, a borracha e o papel.”
A criação dos quadrinhos começa com a leitura dos roteiros que chegam dos EUA por e-mail. “Depois faço um esboço prévio e sigo então para o esboço definitivo no diagrama (prancha para arte) que me é fornecida pela editora. Então executo a arte com uma lapiseira 05 ou 07 grafite 2b”, explica o artista.
A fama internacional não tirou Joe Bennett ou Bené de natal. Ele continua com os pés bem firmes na cidade onde nasceu, Belém (PA), em 1968. Apesar de trabalhar para editoras americanas há 16 anos, só recentemente foi à New York realizar dois velhos sonhos. “Fui participar de uma convenção de quadrinhos, a Nycomicon 08. Era meu seonho de criança conhecer meus ídolos de perto e a Big Apple.”
Joe Bennett não deixa na mão seus fãs brasileiros e sempre que pode marca presença na Revista Mundo dos Super-Heróis. Na edição de nº 13, na edição de nº 14, especial de colecionador, Bennett ilustrou uma belíssima capa em homenagem à Stan Lee e Jack Kirby e na revista nº 15, a arte da capa ficou a cargo de Joe Bennett, Jean Sinclair e Izaac Brito, e 16 da melhor revista sobre quadrinhos do brasil, ganhadora de dois prêmios HqMix.
Fonte Revista Design Gráfico nº 99.
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